segunda-feira, 16 de setembro de 2013

RESENHA: CONDENADA



Está aí, Satã? Tem um livro que talvez você goste de ler!



A filha de uma estrela de cinema narcisista e de um bilionário, Madison, é abandonada em uma escola interna na Suíça durante o Natal enquanto seus pais estão divulgando seus novos projetos e adotando mais órfãos. Ela morre de uma overdose de maconha – e a próxima coisa que sabe é que está no inferno. Madison compartilha sua cela com um grupo heterogêneo de jovens pecadores que é quase bom demais para ser verdade: uma líder de torcida, um atleta, um nerd, e um punk, unidos pelo destino para formar a versão “six-feet-under” do filme favorito de todos. Madison e seus amigos caminham através do Deserto de Caspas e escalam a Montanha Traiçoeira de Unhas para enfrentar Satanás em sua cidadela. Todos os doces, que servem como moeda no inferno, não poderão comprá-los.


Talvez você não saiba quem é Chuck Palahniuk. Lamentável, mas perdoável. No entanto, tenho certeza que, pelo menos, já ouviu falar da MasterPiece do diretor David Fincher, “Clube da Luta”. Pois é, Chuck Palahniuk é a mente doentia por trás da genial história que deu origem ao filme.


Quando vamos ler um livro de um autor com uma obra tão importante e fantástica, há um peso sobre a leitura, uma expectativa injusta de que a nova obra seja tão genial quanto a outra. Eu, pessoalmente, tento não carregar esse peso, mas às vezes tal pecado é inconsciente.

Chuck Palahniuk
Ao ler Condenada, não estamos lendo um livro sobre uma adolescente que morre e vai para o inferno, estamos lendo um livro do autor de “Clube da Luta”. E isso, involuntariamente, cria uma expectativa exageradamente alta. Ao terminar a leitura dessa obra, uma frase ecoa na mente: O filho da mãe é mesmo genial!

Narrado em primeira pessoa, o livro começa com o relato de Madison sobre as atividades obsessivas compulsivas de sua mãe, controlando pelo seu laptop as diversas residências da família. Daí para frente, acompanhamos vários momentos na vida de Madison até sua trágica morte. Em paralelo, vivemos com a protagonista sua chegada ao inferno e sua trajetória fantástica.

(...)A única coisa que faz o Inferno parecer o Inferno, lembro a mim mesma, é a nossa expectativa de que ele pareça com o Paraíso.(...) {capítulo XXXIX}

Madison é uma adolescente acima do peso, com pais inadequados e com uma inteligência sagaz, humor negro e extremamente ácido, e uma dose impertinente de esperança em seu coração. Palahniuk constrói uma personagem carismática e divertida, ainda que com uma vida medíocre. Através da narração de Madison ele destila sua crítica para todos os lados, sem poupar ninguém e sem medir palavras.
Apesar de trazer uma protagonista com características tão adultas, o autor consegue trazer com maestria atitudes infantis e imaturas, inerentes à idade da personagem.

(...)Você não consegue andar no Inferno sem topar com alguém importante: Marilyn Monroe ou Genghis Khan, Clarence Darrow ou Caim. James Dean. Susan Sontag. River Phoenix. Kurt Cobain. Sinceramente, a população residente parece a lista de convidados de uma festa que faria ambos meus pais gozarem. Rudolf Nureyev. John F. Kennedy. Frank Sinatra e Ava Gardner. John Lennon e Jimi Hendrix e Jim Morrison e Janis Joplin. Um Woodstock permanente.
Provavelmente, se soubesse das oportunidades de contatos por aqui, meu pai engoliria sem demora veneno de rato e se  lançaria contra uma espada samurai.
Apenas para fofocar com Isadora Duncan, minha mãe iria  abrir a saída de emergência e saltar do nosso jatinho em pleno voo. (...){capítulo XI}

Tanto no inferno quanto na terra, a história mostra um desfile de personagens falhos e desprezíveis, ideais falsos e vazios. As descrições do inferno são um show à parte, e as figuras que atravessam o caminho da nossa “heroína”(?) são caricatas e divertidas, mas sem deixar de representar duras críticas a várias delas.

(...)todas as ejaculações expelidas em masturbações durante  toda a história da humanidade, pelo menos desde Onã, tudo  escorre e se acumula ali. Da mesma maneira, ele explica, todo o sangue derramado na terra goteja e é coletado no Inferno. Todas as lágrimas. Cuspe do chão. Tudo termina por aqui. (...){capítulo VII}

Condenada é uma obra incrível, bem humorada e extremamente crítica, mostra que Chuck Palahniuk é um grande escritor, e que, talvez, não goste muito de “O paciente inglês”.

Leitura super recomendada para aqueles com estômago e coragem.

Leia um trecho abaixo:


4 comentários:

  1. Baaah! Adorei a sinopse e ainda mais sua resenha porque torna muito melhor a expectativa sobre o livro. E como estou pensando em comprar As histórias secretas de Dante. Esse parece ideal para me acompanhar.
    Um baita livro.

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    1. Na minha opinião, vale muito a pena adquirir esse livro. Tenho certeza que você vai adorar a Madison. Aguardo por sua resenha em video de Condenada.

      Abraço

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  2. Adorei conhecer um pouco mais do livro, já que nunca li nada do autor e a referência máxima que eu (e muitos leitores) tenho dele é mesmo O Clube da Luta. Condenada me atraiu pela sinopse e pela capa, me pareceu um livro que transborda sarcasmo e isso é algo que geralmente curto bastante.

    Um beijo, Livro Lab

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    1. Obrigado pela visita

      Não deixe de ler condenada, acho que não vai se arrepender.
      Visitei seu blog e achei o máximo. Visualmente e no conteúdo. Bem diferente dessa coisa cinza e sem graça que é o meu.

      Abraço

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