Criei este blog recentemente com
o intuito de divulgar minha opinião sobre livros e filmes, ou qualquer outro
meio de se contar uma boa história. No entanto, na noite de ontem, ao assistir despretensiosamente
ao jornal nacional, uma noticia em especial deixou-me severamente alarmado: “Protesto contra o casamento gay e o abortoreúne milhares em Brasília”.
De acordo com a notícia, cerca de
quarenta mil pessoas participaram do ato, convocado pelos líderes das igrejas
evangélicas. Não pretendo entrar no mérito da legalização, ou não, do aborto,
apesar de entender que movimentos religiosos nada tem a ver com aspectos jurídicos
e de saúde pública. Porém, no que tange à união “homoafetiva” me sinto
compelido a manifestar minha opinião.
É alarmante assistir a uma
multidão alienada e tomada pela ignorância ser aliciada por oportunistas
travestidos de religiosos que pregam a intolerância e o preconceito. Um casal
formado por dois homens, ou por duas mulheres, em nada difere de um casal heterossexual,
e os que fazem diferença entre eles, ou age por ignorância ou por oportunismo.
E o mais preocupante não é que ajam religiosos que preguem por interesse
próprio, com o propósito de alienar a massa e gentilmente extorquir-lhes parte
do pouco que ganham. O que me deixa preocupado, e profundamente entristecido, é
que uma multidão ouça, e repita, tantos absurdos que saem das bocas mentirosas
de falsos pregadores.
Qualquer religião que realmente
se preocupe em agradar a Deus e buscar a paz entre os seus filhos precisa, indubitavelmente,
ser pautada no amor e na tolerância. Eu, sinceramente, sou incapaz de entender
como se agrada a Deus subindo em um palanque e gritando injúrias contra aqueles
que se encontram fora de seu círculo, levando em consideração apenas as
diferenças e omitindo cruelmente as semelhanças.
Na matéria citada, o pastor Silas
Malafaia declara em alto em bom som, na sua incapacidade de se expressar sem
gritar: “Minoria não pode calar maioria.
Isto é estado democrático de direito. O direito de um grupo social não pode
cercear o dos outros. Eu não quero privilégio para evangélicos, mas também não
aceito privilégio para gay”.
Sem entrar no mérito do quanto
sua declaração é absurda, e do quanto se assemelha à fala de ditadores, déspotas,
governantes tiranos e fanáticos religiosos, a exemplo de Adolf Hitler, que
também convencia a multidões repetindo mentiras exaustivamente até que soassem
como verdades, sinto-me na necessidade de explicar ao senhor Malafaia uma
coisa: a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo significa que
casais homossexuais poderão ter sua união reconhecida legalmente e não, como
talvez o referido pastor possa ter entendido, que será obrigatório para todas
as pessoas. Sendo assim, os religiosos que escondem sua preferência homossexual
poderão permanecer no armário e assediando fieis em quartos escuros após os
cultos.
Quanto ao argumento utilizado
pelos líderes do movimento, que afirmam que a união entre pessoas do mesmo sexo
é uma afronta à família e o prenúncio de sua destruição, vale ressaltar que
diversos casais homossexuais, apesar dos entraves jurídicos e burocráticos, têm
filhos adotivos –e até biológicos- muito bem criados, que se tornam adultos
admiráveis, pois foram educados sob os preceitos do amor, da compaixão e da
TOLERÂNCIA. Enquanto centenas de casais heterossexuais, muitos frequentadores
assíduos de igrejas, sustentam famílias desestruturadas, que se agridem física e
verbalmente, e que fazem florescer filhos desajustados, mal educados e que não
sabem o que significa ser amados por seus pais.
Desejo salientar que as críticas
aqui expostas expressam minha opinião pessoal e nada mais, e que respeito a
liberdade de expressão e todas as formas de religião, desde que visem o bem
comum, a paz, e o amor entre as pessoas, sem distinção de raça, cor, credo ou
qualquer critério subjetivo que possa ser apontado.
A única coisa que importa é que
as pessoas se amem e que se façam felizes, o resto só serve para causar discórdia,
tristeza e desunião.
A intolerância é absolutamente intolerável,
e aquele que recrimina o que não conhece é refém de sua própria ignorância.
UAU!
ResponderExcluirAdorei Samuel! Falou tudo o que eu penso também.
bjus